O presente trabalho, realizado, em 1995, no município de Nazaré da Mata, teve como objetivo caracterizar morfológica, física, química, mineralógica e micromorfologicamente perfis com horizonte A chernozêmico na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Foram descritos morfologicamente e coletados três perfis de solo com horizontes A chernozêmico, pertencentes às seguintes classes: Solo Litólico, Brunizém Avermelhado e Podzólico Vermelho-Amarelo, e realizadas análises físicas, químicas (incluindo quantificação das frações húmicas), mineralógicas e pedográficas. Os atributos pedológicos e as condições ambientais permitiram estabelecer a hipótese de que os horizontes superficiais têm sua formação ligada a interações de clima e vegetação, haja vista que, apesar das condições tropicais chuvosas, esses solos mantêm boa reserva química, provavelmente, graças à ocorrência de uma estação mais seca, que se estende por 5 meses, a qual provoca a queda das folhas e reduz a lixiviação de bases, conferindo, assim, significativa incorporação do material orgânico. Tal reserva química parece contribuir para a preservação da mica (biotita) nesses horizontes, a qual, ante as condições tropicais chuvosas, degradar-se-ia. Entretanto, a riqueza química da solução do solo refrearia o processo intempérico, na medida em que a existência do potássio na solução circundante às partículas sólidas minerais não ocasionaria a retirada do referido elemento da estrutura cristalina da biotita. Dessa feita, tal mineral se mantém preservado no ambiente pedológico. Qualitativamente, as diferenças observadas nas frações húmicas mostram-se decorrentes da influência da erosão, sendo encontrados maiores valores de frações menos resistentes no perfil mais erodido (Solo Litólico). Os horizontes subsuperficiais, por sua vez, são caracterizados, inicialmente, por um processo de formação de argila in situ, sendo compostos de alguma caulinita e interestratificados irregulares envolvendo minerais do tipo 2:1 e 1:1. Com a continuidade da pedogênese, tais horizontes são dominados por minerais mais estáveis (caulinitização), havendo movimentação da fração mais fina, o que leva à formação do horizonte B iluvial, onde ocorre também a formação de argila in situ Fatores como variação quantitativa da mineralogia do material de origem, padrão estrutural do gnaisse e relevo, parecem controlar a formação e evolução dos solos estudados.
This study was conducted to characterize the morphology, physics, chemistry, mineralogy and pedography of soil profiles with Mollic horizon at Nazaré da Mata, Pernambuco, Brazil, 1995. Three soil profiles involving Litosol, Reddish Brunizém and Red Yellow Podzolic were morphologically described. Samples were taken from each horizon to determine the physical, chemical (including humic fraction quantification), mineralogical and pedographycal properties. Based on soil properties and environmental conditions, it could be assumed that the surface horizons were developed from climate - vegetation interactions, since the soils showed a good chemical reserve, regardless of the rainy tropical conditions. This reserve was due to a 5-month dry season which induces leaf drop and reduces base leaching, resulting in significant organic matter incorporation. Such chemical reserves seem to contribute to mica preservation on these horizons, which would otherwise degrade under those rainy conditions. However, the soil solution chemical reserve would decrease the weathering process by chemical equilibrium between soil particles and solution, preserving biotite. Qualitatively, the differences among humic fractions were due to erosion, where higher values were found on the more eroded soil profile (Litosol). The genesis of the subsurface horizons was initially characterized by in situ formation of some kaolinite and irregular interstratified clay minerals, involving 2:1 and 1:1 phases. In the sequence of pedogenesis, more stable minerals (predominantly kaolinite), were formed, giving rise to an illuvial B horizon, as a result of both processes, illuviation and in situ formation. Quantitative mineral variation and foliation planes of the parent material and relief seem to control the formation and evolution of these soils.